As malas estão feitas e a viagem preparada – seguimos para Timor-Leste nos primeiros dias de junho. A missão é clara e objetiva – ajudar a dinamizar a economia azul no território – identificando caminhos de desenvolvimento económico, inclusivo e sustentável.
Dia 8 de junho celebra-se o Dia Mundial do Oceano. Tempo de mergulhar consciência e sentidos, no infinito azul que nos liga e que a todos pertence. Pausa para admirar e agradecer o mistério da vida que nos rodeia. Depois, com urgência – mas sem pressas – pensar, planear e agir. Cuidar que as novas gerações herdarão um planeta próspero e um oceano saudável e vibrante.
Assegurar o futuro dos que ainda virão, deve ser o nosso presente.
Este é o espírito, a visão e a missão que nos inspira. Esta é a energia que nos ergue o peito e a voz, apelando para a dignidade da vida que nos rodeia. Este planeta que generosamente nos acolhe, que nos tem alimentado e protegido – precisa agora de cuidados, de carinho e de atenção.
Missão: Timor-Leste
As malas estão feitas e a viagem preparada – seguimos para Timor-Leste nos primeiros dias de junho. A missão é clara e objetiva – ajudar a dinamizar a economia azul no território – identificando caminhos de desenvolvimento económico, inclusivo e sustentável. Transportamos ferramentas que fomentam a geração de riqueza distribuída, respeitando pessoas, comunidades e ecossistemas.
Sabemos que o conhecimento e a educação potenciam o progresso e a prosperidade. Por essa razão, iremos realizar várias ações de capacitação em economia azul sustentável e regenerativa, para diferentes públicos e em vários locais.
Mas antes – vamos escutar, aprender, refletir e agradecer. Não levamos fórmulas infalíveis nem cópias de outras paragens – chegaremos despidos de preconceitos e de vantagens – humildes e conscientes do privilégio e da honra, de fazer parte de uma equipa magnífica, numa nação jovem e única. Pertencer e servir, com responsabilidade, será o engenho da confiança e da colaboração.
Quando falamos de economia azul, falamos de pessoas e de comunidades – falamos de inclusão e de equidade. A construção de uma economia azul pujante precisa que as pessoas a desejem – voluntariamente. Não basta a existência de estratégias, planos de ação e metas – é fundamental que as pessoas se apropriem da visão e dos objetivos; é imprescindível que os considerem seus.
Por esta razão, planeamos ir muito além da realização de simples ações de formação. Muito mais que a mera transmissão de informação, desejamos inspirar pessoas – para que admirem, agradeçam e protejam o imenso azul que os rodeia. Ambicionamos que as pessoas se apaixonem pelo oceano.
Como muito bem afirmou Jacques Yves Cousteau,
“as pessoas cuidam do que amam.”
Oceano e economia azul em Timor-Leste
Timor-Leste tem todas as condições, para desenvolver uma economia azul partilhada e vibrante. A realização do Programa de Especialização e Liderança em Economia Azul (PLEA) – desenvolvido pelo Centro de Competência Economia Azul – vai contribuir para o sucesso do seu Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) e da sua Política Nacional para o Oceano (PNO).
Timor-Leste é um Estado costeiro com uma vasta zona marítima. O seu território terrestre ocupa uma área de 15 007 km2; a sua costa atinge cerca de 700 km de extensão; e a sua potencial Zona Económica Exclusiva (ZEE) regista uma área de cerca de 75 000 km2.
De acordo com os dados disponíveis em 2022, a população total de Timor-Leste atingiu os 1 341 737 habitantes neste ano, com um crescimento anual de cerca de 1,8%. Destes, 48,7% dos habitantes tem menos de 20 anos, 48,3% dos habitantes são mulheres e 75,8% desses habitantes vivem fora da capital, Díli.
A identidade de Timor-Leste está ancorada no mar. O oceano marcou o passado de Timor-Leste e é um dos pilares da sua visão para o futuro. Para o povo da ilha de Timor-Leste, o oceano é parte integrante do seu modo de vida.
Os mares têm um significado espiritual para o povo timorense. Segundo a lenda, os timorenses são netos do crocodilo – após a sua morte, o seu corpo tornou-se a terra de Timor, as cristas nas suas costas tornaram-se as montanhas e os vales, e o oceano a sua morada final.
Muitos timorenses dependem do oceano para o seu sustento e subsistência, pescando e apanhando espécies marinhas, como o atum, o polvo e as algas marinhas. Os ricos recifes de coral e as íngremes falésias subaquáticas que rodeiam Timor-Leste são uma atração crescente para os turistas. A proteção e preservação do ambiente marinho é, portanto, fundamental para proteger o modo de vida e o desenvolvimento económico de Timor-Leste.
Ha'u nia Tasi, Ha'u nia Timor (O meu Mar, O meu Timor)
Desenvolver a economia azul sustentável é um imperativo para tal nação. Ignorar tamanha riqueza e herança, constituiria uma enorme arrogância e ausência de visão, uma preguiça insuportável e imperdoável pelas atuais e futuras gerações – uma irresponsabilidade para com as pessoas e o planeta. Representaria também o desprezo pela saudável diversidade económica, fundamental para o desenvolvimento sustentável das comunidades e de todas as suas partes.
Por fim, e de forma alguma menos importante, ignorar este oceano único que nos abraça – que a todos liga e que a todos pertence – corresponderia a baixar os braços e a desistir da maior fonte de biodiversidade, do berço da vida, da certeza de futuro.
O desenvolvimento da economia azul em Timor-Leste é um desígnio ousado e magnífico.
Tarefa para gente grande, curiosa, que olha para além da curva e para além do tempo. Gente que vibra com o fazer, transformar, evoluir – gente que deseja servir, ansiando o melhor para os seus filhos e para os filhos dos seus netos – gente que, pelo significado, concretiza uma vida plena.
Sabemos que tudo é infinitamente possível, quando uma ideia se transforma em ação.
Este é o tempo de fazer acontecer!
Por Timor-Leste, pelo oceano, pelas pessoas, pela natureza, pela nossa casa comum – este ponto azul a que chamamos Terra.
TEXTO: Álvaro Sardinha, 2024
Fontes: Programa do IX Governo Constitucional de Timor-Leste (julho 2023)