A Estratégia de Formação em Energias e Tecnologias Oceânicas – elaborada pelo Centro de Competência em Economia Azul, para o Instituto Politécnico de Viana do Castelo – constitui um documento de suporte ao projeto IPVC OCEAN.
A Estratégia de Formação em Energias e Tecnologias Oceânicas está concluída e foi apresentada em sessão pública, promovida pela equipa de liderança do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).
O documento – desenvolvido pelo Centro de Competência em Economia Azul – revela uma plataforma de conhecimento seguro, um vocabulário comum que facilita e agiliza o diálogo e a colaboração, sustentando e permitindo identificar e definir cursos inovadores na área das energias e tecnologias oceânicas, caracterizando a respetiva proposta de valor, conteúdos programáticos e públicos-alvo.
Do ponto de vista do mercado, são diferenciadas e caracterizadas as energias renováveis do oceano e no oceano, identificando os respetivos estados de maturidade comercial e perspetivas de evolução futura.
Do ponto de vista do emprego, são caracterizados os perfis de competências, profissões, carreiras e programas de ensino e formação – no domínio das energias e tecnologias oceânicas – antecipando necessidades e oportunidades de reskilling e upskilling.
O desenvolvimento da indústria das energias renováveis oceânicas, é um projeto desafiante e ambicioso.
Porém, absolutamente necessário. Em particular para um país como Portugal, em que mais de 97% do seu território se encontra coberto por água do mar e cuja Zona Económica Exclusiva equivale a 18,7 vezes o Portugal “terrestre”. Uma nação marítima, sem qualquer dúvida.
Desenvolver a economia azul sustentável é um imperativo para tal nação. Ignorar tamanha riqueza e herança, constituiria uma enorme arrogância e ausência de visão, uma preguiça insuportável e imperdoável pelas atuais e futuras gerações – uma irresponsabilidade para com as pessoas e o planeta.
Representaria também o desprezo pela saudável diversidade económica, fundamental para o desenvolvimento sustentável das comunidades e de todas as suas partes.
Por fim, e de forma alguma menos importante, ignorar este oceano único que nos abraça – que a todos liga e que a todos pertence – corresponderia a baixar os braços e a desistir da maior fonte de biodiversidade, do berço da vida, da certeza de futuro.
Incertezas e inevitabilidades
O mundo está a mudar de forma acelerada, mais rápido do que as organizações conseguem acompanhar. De facto, as instituições foram desenhadas para "tempos de paz". Porém, vivemos hoje "tempos de guerra" – nas alterações climáticas, na indústria, no ensino e na regulamentação.
A inovação é cada vez mais disruptiva, digital e surpreendente, prometendo uma década realmente única. Para atingir os objetivos planeados e superar os desafios que se avizinham, é fundamental contar com o apoio de instituições eficazes, abertas às comunidades e atentas às suas necessidades e anseios, lideradas com visão, missão e valor.
Se olharmos para o futuro, iremos deparar-nos com muitas interrogações. Vivemos uma época de incertezas. Existem, porém, inevitabilidades seguras e transversais a todas as geografias. De facto, algumas tendências afirmam-se de tal forma potentes, que quase as conseguimos assumir como factos inevitáveis – certezas que irão confirmar-se ou que indicarão a direção a seguir.
Conseguimos atualmente identificar, pelo menos, as seguintes inevitabilidades:
A sustentabilidade é muito mais que uma parte da estratégia das organizações – a sustentabilidade é a própria estratégia – um novo modelo de negócio e de desenvolvimento. A sustentabilidade constitui um modelo de transição para um objetivo maior – a regeneração da natureza.
A transição energética é uma realidade e um imperativo para a descarbonização do planeta. Iremos – já nesta década – assistir à redução na procura e consumo global do carvão, um dos combustíveis fósseis mais poluentes. Uma nova era já começou – a descarbonização – incluindo a prevenção e a remoção de emissões. A transição dos recursos fósseis para as energias renováveis e para os combustíveis alternativos é inevitável e bem-vinda, fortemente apoiada pela crescente exigência de disposições regulatórias.
A economia azul sustentável é um vetor fundamental para a diversificação da geração de riqueza e para o desenvolvimento de regiões e países, sustentando comunidades crescentes. O oceano e o espaço serão cada vez mais territórios de conhecimento e de colonização; ambos têm natureza tridimensional e dimensão (quase) infinita. A indústria marítima é um pilar vital da economia azul sustentável.
A criação de novos programas de ensino e formação para apoiar o desenvolvimento da indústria das energias renováveis oceânicas, é um projeto ousado e magnífico.
Tarefa para gente grande, curiosa, que olha para além da curva e para além do tempo.
Gente que vibra com o fazer, transformar, evoluir – gente que deseja servir, ansiando o melhor para os seus filhos e para os filhos dos seus netos – gente que, pelo significado, concretiza uma vida plena.
O projeto IPVC OCEAN mostra o caminho a seguir.
Por Viana do Castelo, por Portugal, pelo oceano, pelas pessoas, pela natureza, pela nossa casa comum – este ponto azul a que chamamos Terra.
Bem-vindos a um mundo em mudança, com constantes incertezas e inevitabilidades.
Este é o tempo de fazer acontecer!
Texto: Alvaro Sardinha, 2024